Visitas

visitantes OnLine

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Palavra-chave: intuição!

Palavra-chave: intuição!

Confunde-se intuição com sorte. E até com instinto. Será uma forma de inteligência muito antiga? Pode ser muito valiosa nos negócios modernos. Pense no assunto.
:Por Nelson Lima


A intuição é um elemento que entra em quase todas as tomadas de decisão, mesmo nas mais complexas. Mais: a sua importância é tal que um dos seus estudiosos recebeu um prémio Nobel devido a seu trabalho sobre a intuição nas tomadas de decisão (se trata de Herbert A. Simon, Nobel de Economia em 1978).

Há autores que nos aconselham a seguir mais as intuições do que a lógica dos raciocínios ponderados. Arriscado confiar assim tanto na intuição? Depende da cada caso e depende das pessoas já que a natureza e a segurança da intuição variam de pessoa para pessoa. De fato, há pessoas bastante intuitivas enquanto outras são um desastre (suas intuições não são de confiar).


Mas o que é a intuição? Segundo os últimos dados científicos a intuição é um tipo de pensamento que assenta em mecanismos mentais inconscientes como a percepção, a aprendizagem e a memorização. Tudo somado chega-se à conclusão que a intuição pode também ser entendida como uma forma de "conhecimento implícito", ou seja, conjunto de informações que guiam as pessoas nas tomadas de decisão e nas ações sem que elas tenham consciência da sua proveniência.



O segredo reside no fato de captarmos muita informação e aprendermos muitas coisas sem que tenhamos consciência disso. Nossa mente consciente tem uma capacidade limitada de gerir a informação mas a um outro nível e através das várias portadas sensoriais (os sentidos) também entra muita informação. Não é raro ouvirmos os pais dizerem que seus filhos, mesmo estando distraídos com algo, acabam "captando" conversas que se passam a seu lado.


O psicólogo canadiano Eric Berne, o pai da "análise transacional", referiu que o "conhecimento intuitivo" é construído a partir de elementos sensoriais discretos (ou subliminares) em que a percepção e a síntese ocorrem abaixo do nível da consciência. Na verdade, o pensamento, a memórias e o comportamento funcionam de forma permanente sob um duplo nível: consciente e deliberado por um lado e não-consciente e automático por outro.



O cérebro tem como uma das suas principais responsabilidades a chamada regulação vital. Ele capta a todo o instante os sinais (informações e estímulos)vindos do exterior e do interior do corpo e toda essa informação que chega de forma ininterrupta contribui para o estabelcimento das atividades mentais, em especial as vivências emocionais. Talvez todo este trabalho de cartografia sensorial possa colaborar na formação da intuição.


A intuição alimenta-se das experiências e informações acumuladas ao longo do tempo. Será pois uma espécie de "know-how" (saber fazer) guardado na chamada memória implícita.


Todd Lubart, da Universidade Paris V, elaborou uma teoria a que chamou de "ressonância emocional" que ajuda a explicar a intuição. Através desse processo, cada elemento que se apresente em nossa memória é associado a traços emocionais correspondentes a experiências vividas anteriormente. Cada vez que nos confrontamos com as várias situações da vida (a todo o momento) o cérebro estabelece uma ligação com os conhecimentos armazenados levando a uma associação criativa de conceitos em nossa mente (isso nos ajuda a mantermo-nos conhecedores do mundo que nos rodeia e entender o que se passa). É um trabalho contínuo de reconhecimento da realidade e que nos permite cartografar mentalmente o que se passa remetendo todo o material novo para a memória associando-se ao que já lá existe guardado.



Se a inteligência é o resultado de uma série de conjugações e de fatores, podemos admitir que a intuição não lhe é estranha. O indivíduo inteligente é também um sujeito que sabe usar sua intuição. Ele aprende a ler nas subtilezas dos eventos, nos pormenores que escapam à maioria. E faz outra coisa deveras importante: reúne muita informação. Ele não se satisfaz apenas com o que sabe. Ele é um curioso e gosta de saber mais e mais, indo além da sua especialização. Sua intuição é assim o resultado de saberes e experiências acumuladas.


Concluindo

Se é verdade que tomar uma decisão consiste numa análise da tarefa, na planificação, na decomposição e na seleção de uma estratégia especial de execução não é menos verdade que a informação, a emoção e a intuição são três forças que não podem ser ignoradas.


Racionalidade versus emocionalidade é a equação das decisões inteligentes (prudentes, ajuizadas, críticas). A intuição fornece impressões que partem de um outro nível, menos precisa na sua definição mas amplamente usada pelas pessoas inteligentes. É um saber que não se sabe de onde vem mas que está lá na hora das decisões. A elaboração mental de uma escolha deve pois juntar a razão, a emoção, a informação credível e a intuição. Nada fica garantido quanto ao sucesso de uma decisão pois outros fatores nos escapam. Mas isso trata-se de um risco que todos sempre cometemos e a que é difícil escaparmos.


Diz-se também que a intuição é uma forma de inteligência muito antiga que ainda possuimos. Em épocas primitivas, em que o saber era muito reduzido e pouco se conhecia do mundo, a mente humana desenvolveu um sentido de sobrevivência baseado em impressões e emoções primordiais que ajudaram a desenvolver a intuição. Dá para acreditar.

A propósito do tema, informo que brevemente, realizarei cursos e palestras no Brasil sobre "Inteligência de Alto Risco". Contate comigo.

Nelson Lima
nelsonlima@europe.com
Investigador na Euradec (Inglaterra e Alemanha)

Nenhum comentário:

Postar um comentário