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domingo, 21 de novembro de 2010

Consciência ambiental faz mulheres retomarem o uso de fraldas de pano em seus bebês

Consciência ambiental faz mulheres retomarem o uso de fraldas de pano em seus bebês
Por ambientebrasil
Neide Campos / AmbienteBrasil

No caminho para a maternidade, a maratona de preparativos para a chegada do filho costuma ser iniciada tão logo se anuncie a gravidez. E nove meses parece ser pouco tempo. Logo os amigos recebem o convite do chá de bebê. Nos rol de pedidos, em geral figura um item tido como imprescindível – as fraldas descartáveis. Tamanhos P, M, G e GG estão na lista das mamães mais precavidas. Algumas inclusive, só pedem fraldas em seus chás, devido à quantidade absurda que um bebê usa – em média, cinco mil unidades até os dois anos de vida.

Porém, o retorno ao uso de fraldas de pano tornou-se um decisão hoje tomada por quem aposta em uma qualidade de vida melhor para a criança e para o planeta. Cada fralda descartável demora, em média, 450 anos para se decompor. Serão inúmeras gerações convivendo com esses resíduos. Estimativas atestam que as fraldas descartáveis representam 2% do lixo não biodegradável despejado em aterros sanitários diariamente.

Calcula-se que a fabricação das fraldas que uma criança usará até os dois anos de vida consuma cinco árvores. Parece pouco, não é? Porém, segundo o Ministério da Saúde, nascem no país anualmente mais de três milhões de crianças, o que significa o corte de pelo menos 15 milhões de árvores ao ano. Assim, o bebê, devido às escolhas de seus pais, já nasce causando problemas ambientais sérios.

A fralda de pano, assim como o absorvente reutilizável, parece ser a solução para os problemas ambientais e o retorno a antigos hábitos. Entretanto, se ao pensar em fralda de pano logo vem a sua mente aquelas fraldas brancas e dobradas em forma de triângulo presas por um alfinete, saiba que elas ainda existem, mas não são a única opção para quem quer aderir ao uso.

Já existem no mercado fraldas com formato similar às descartáveis. As fraldas são anatômicas, com ajuste frontal e confeccionadas com fibras naturais. Uma camada de material impermeável evita vazamentos. E há várias estampas. “Desenvolvemos nossa modelagem própria e que foi refinada com o trabalho voluntário de muitas mães que as utilizaram e nos deram retornos dos pontos que deveríamos trabalhar melhor”, explica a AmbienteBrasil Bettina Lauterbach, fabricante deste tipo de fralda.

Segundo ela, a idéia surgiu em função das mães que já utilizavam outro produto fabricado pela empresa, os slings (carregadores de tecido para transportar os bebês próximos ao corpo). “Havia a questão ecológica e também a questão de saúde, como alergias, dermatites e assaduras”, diz ela.

Para Bettina o perfil da população está mudando., as pessoas estão mais conscientes. “Temos tecnologia para reutilizar águas servidas, temos tecnologia para produção de energia ‘limpa’ mas não temos o que fazer com as toneladas de fraldas descartáveis que são reviradas nos lixões por mais de 450 anos. Uma fralda descartável é usada por 2 a 3 horas e descartada. Uma fralda de pano é usada no mínimo 100 vezes, e passada para uma segunda criança”.

Palavra de quem usa
Essa é a intenção da química Rosana Oshiro. “Eu tenho quatro filhos, mas infelizmente, só descobri as fraldas de pano quando meu terceiro filho, Gabriel, tinha um ano. Desde então passei a usar nele, e agora as fraldas que ele não usa mais, que são tamanho G, ficarão para Ana (a caçula) quando ela crescer mais um pouco”.

A preocupação ambiental é um fator importante para a maioria dos pais que utilizam as fraldas de pano. De acordo com Bettina, 40% das vendas são feitas a “famílias eco-conscientes”.

“Optei pelas fraldas de pano por vários motivos. Saber que as fraldas descartáveis demoram até 450 anos para serem eliminadas do planeta e que o espaço que elas tomam nos lixões e aterros é imenso pesou bastante na decisão”, afirma Ligia de Sica, professora em São Paulo e mãe de uma menina de seis meses.

Entretanto, a saúde do bebê é o que conta mais para essas mães. Para a atriz Talitha Pereira, mãe de uma menina recém-nascida, é muito mais agradável para a filha usar uma fralda de algodão a uma que contenha material plástico. “Acho as fraldas de pano muito mais confortáveis e elas previnem assaduras. A pele do bebê respira melhor e, por conseqüência, eles ficam mais calmos e felizes.”

A questão financeira também é vantajosa. As fraldas de pano, como podem ser reutilizadas inúmeras vezes e por mais de uma criança, podem custar até três vezes menos do que as descartáveis.

Algumas mães admitem que ainda usam as fraldas descartáveis, principalmente em passeios e à noite. Rosana, que vive no Japão com a família há oito meses, explica que, como agora é inverno naquele país, prefere usar a fralda descartável para não precisar trocar durante a noite. “Acredito que, assim que chegue o verão, será possível usar as fraldas de pano também à noite, diz ela”.

“Também utilizo as fraldas descartáveis quando saio de casa ou para ela dormir, mas todas biodegradáveis, que utilizam 50% de fontes renovadas e são 100% sem cloro. Infelizmente elas não são produzidas no Brasil e tiveram que vir dos Estados Unidos, Alemanha e Canadá”, explica Talitha.

Além de uma consciência dos pais, essa prática ajuda na educação ambiental dessas crianças desde muito cedo. “No futuro vou contar a minha filha que ela nasceu ajudando o planeta”, finaliza Ligia.

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