O desafio das lideranças

O desafio das lideranças

Enquanto mercado comemora recorde de contratação, geração Y avança e empresas sofrem com escassez de talentos.

Por Rômulo Martins

O Brasil vai fechar o ano com a criação de mais de dois milhões de empregos formais. Segundo pesquisa de Expectativa de Emprego da Manpower o país é o mais otimista quando o assunto é contratação. O levantamento indica que quatro em cada dez empregadores planejam contratar trabalhadores nos três primeiros meses de 2011.

Na contramão, o estudo aponta que vão faltar profissionais qualificados. “O grande número de vagas combinado com o baixo índice de desemprego intensificará a escassez de talentos. O desafio dos empregadores será colocar em prática as estratégias para manter seus colaboradores e continuar a ter sucesso em seus negócios”, afirma Horacio De Martini, diretor regional da Manpower para a América do Sul.

Para o consultor José Jacques Memran, da Wiabiliza Soluções Empresariais, o contexto exige das lideranças a criação de um ambiente participativo, desafiador e propício à inovação. “Os modelos de meritocracia existentes, como avaliação por competências e remuneração por resultados, são ferramentas importantes para a retenção de talentos. O líder deve ter capacidade de maturar talentos, desenvolver competências em sua equipe e proporcionar um ambiente de aprendizagem contínua.”

Líderes do futuro
Nascidos na metade dos anos 70 até meados dos 90 a geração Y avança no mundo corporativo. Segundo pesquisa conduzida pelo Great Place to Work, empresa global especialista em ambiente de trabalho, os “Ys” ocupam 31% dos postos de trabalho nas 100 Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil.

Ainda de acordo com o estudo, 57% dos cargos é ocupado pela geração anterior, a X, e 13% pelos “baby boomers”. Diante do crescimento do público Y, o levantamento sugere que as organizações devem se conectar ao perfil de colaborador que cresceu em um ambiente digital.

“Para inspirar a melhor performance dos talentos Y, as empresas precisam oferecer um ambiente baseado em práticas que cultivem a confiança, que construam uma nova cultura e que tenham comunicação transparente - extremamente relevante quando se lida com essa geração. Cabe lembrar que os líderes devem agir como agentes dessa transformação corporativa”, afirma Andrea Veras, diretora de marketing e de desenvolvimento de liderança do Great Place to Work.

Conforme a pesquisa, entre as práticas de gestão de pessoas condizentes com o público Y estão a possibilidade de atuar no exterior e de se engajar em iniciativas de responsabilidade socioambiental e a valorização do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

“A relação de trabalho baseada no conceito de parceria e não de hierarquia é fundamental para que a relação entre líder e geração Y ocorra de maneira fluida. Acredito que um plano de carreira bem estruturado, baseado em um modelo meritocrático, contribuirá para o prolongamento do ciclo de vida deste profissional nas organizações”, sublinha José Jacques Memran, da Wiabiliza Soluções Empresariais, para quem o líder deve ser capaz de identificar tendências.

Para Paulo Alvarenga, sócio-diretor da Crescimentum, diferentes gerações em um mesmo ambiente têm função complementar. “Os grandes líderes do passado foram líderes do futuro”, diz.

Memran destaca que novos desafios aparecerão quando a geração Y estiver liderando a geração Z - os nascidos a partir da metade da década de 90. “A tendência de exacerbação do arrojo, a quebra de paradigmas de maneira sequencial e as mudanças de comportamento desta nova geração podem influenciar no modelo de liderança da geração Y.”

Em qualquer contexto, a função do líder, ressalta Alvarenga, é visualizar o momento certo de tomar decisões. “Em alguns momentos o líder deve colocar a mão na massa, em outros deve trabalhar junto com a equipe, em outros, ainda, deve inspirar a fazer e há, finalmente, o momento em que deve apenas acompanhar, desafiar, dar feedback, comemorar resultados.”